Eu sou Gorete Amorim
Filha de Sebastião
E Amara é minha mãe
Nasci lá em Ribeirão
Cidade pernambucana
Hoje sou alabucana
De alma e coração.

Aos 18 de idade
Em Alagoas cheguei
Não foi preciso esforço
Logo me apaixonei
Cidade acolhedora
Tornei-me admiradora
Amizades conquistei.

Aqui nasceram meus filhos
Logo me licenciei
A vida profissional
Foi aqui que iniciei
Hoje eu posso dizer
Alagoas é bem querer
Desde o dia que cheguei.

Aqui formei muita gente
Pela arte de ensinar
Pois desde 82
Piso no chão escolar
Pois é a educação
Que carrega a função
Do ser humano formar.

A poesia me tocou
Faz tempo, nem sei contar
Trago lembranças remotas
De feiras do meu lugar
Onde poetas cantantes
Rimavam exuberantes
Sem sequer pestanejar.

Foi a partir de então
Que comecei a rimar
Revelar meus sentimentos
No ato de poetizar
Despertado na menina
Como se fosse uma sina
A poesia abraçar.

Nos momentos mais difíceis
Da vida a enfrentar
Temos bebido na fonte
Da arte de poetizar
E pela arte seguir
Da vida não desistir
Felicidade buscar.

Mas foi em 2020
Que o cordel me chegou
Ousei escrever em versos
O que meu pai me contou
De sua história de vida
Dos desafios da lida
Como foi que estudou.

Juntei as informações
E comecei a narrar
Os dois primeiros cordéis
Que logo quis publicar
Revisar eu precisei
Pra Cárlisson apelei
Ele aceitou sem piscar.

Foi com ajuda de Bardo
Que fui me apropriando
Estrutura de cordel
Não é só sair rimando
Projeto Encastelado
Também criado por Bardo
O saber fui ampliando.

No final da pandemia
A escola assim gritou:
- Precisamos de ajuda!
Esse grito nos tocou
Um projeto de extensão
Cordel Infantil então
E tudo assim começou.

Já fazem quase 3 anos
Que na escola chegamos
Recitando e criando
O cordel nós divulgamos
Cultura e contribuição
Para alfabetização
É o que nós desejamos.

A menina de meus olhos
É o cordel infantil
Eu tenho me dedicado
Aceitando o desafio
Do rigor na estrutura
Disseminando a cultura
No mundo estudantil.

Caminho que conduziu
À grande realização
Por meio de edital
Eu participei de seleção
De nossa Academia
E com grande alegria
Faço parte desde então.

A Cadeira 38
Eu passei a ocupar
Meu patrono é Gonzaga
De Garanhuns, o lugar
Luiz Gonzaga de Lima
A quem já tinha estima
Viveu pra poetizar.

E para dar uma pausa
Na trilha de cordelista
Eu encontro no cordel
Uma expressão realista
Da cultura nordestina
Que não aceitou a sina
Do poder escravagista.

Basta ouvir as cantorias
Da cultura popular
E ler Leandro de Barros
E outros do patamar
Pra saber que o Nordeste
De cultura se reveste
Não se deixa escravizar.

Quando a criança recita
Um cordel educativo
Sinto que algo ocorreu
No universo criativo
Vejo poetas nascendo
No futuro florescendo
E só da arte é cativo.