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Vergonhas estaduais
Tenho vergonha seu moço
Mas eu vou aqui te contar
Alagoas é um Estado
De uma riqueza sem par
Mas concentra produção
Nas mãos só de uma porção
Que só quer acumular.

Como pode um Estado
Com terras  férteis e boas
Com rios, e bastante água
Em seus açudes, lagoas
Com uma boa bacia leiteira
Seu povo sem eira e beira
Sem ter peixes nem canoas.

Do Sertão para o Agreste
Famílias vivem a migrar
Sempre em tempo de seca
Tendem a se deslocar
Ou esperam caridade
De gente de boa vontade
Que venha lhe ajudar.

O lugar mais escolhido
Pelos vindos do Sertão
São ruas de Arapiraca
Com gente pedindo pão
Miséria reproduzida
Gente pobre reduzida
A viver pior que cão.

Sabemos, não é possível
Mudar a situação
Uma das funções do Estado
É conformar o Sertão
Fazendo com que sua gente
Se conforme e lamente
Pouca chuva no verão.

Tenho vergonha das máscaras
Usadas pelo turismo
Quem chega na Capital
Vive ilusionismo
De cidade sem favelas
Sem grotas e sem mazelas
Portanto, sem pauperismo.

Estado querido – Sexto cordel da terceira Lua, publicado como parte do desafio “4 LUAS DE CORDEL”(Link: https://taplink.cc/4luas)
Gorete Amorim
Enviado por Gorete Amorim em 20/11/2024


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